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Rede Cidadã - Um ano de Trabalho Novo, vida nova

Um ano de Trabalho Novo, vida nova

15 maio 2018
Um ano de Trabalho Novo, vida nova

Pessoas que antes estavam em situação de rua, completam um ano de trabalho efetivo após passar pelo Programa Trabalho Novo.

Em 2017, a Rede Cidadã foi procurada pela Prefeitura de São Paulo para ser a executora de um projeto inovador e com metas ousadas: o desenvolvimento socioemocional e a inserção no mundo do trabalho de 20.000 pessoas em situação de rua em um prazo de quatro anos!

Funciona assim: a prefeitura recebe essas pessoas em seus Centros de Acolhida, a Rede Cidadã executa sua metodologia de “Autoconhecimento e gestão emocional na formação de pessoas para a vida e o trabalho” e empresas que aderem à causa empregam os participantes, contando com o acompanhamento da equipe da Rede no período de pós-contratação, para aumentar as chances de permanência das pessoas no emprego.

A INOVA, uma empresa de conservação e zeladoria responsável por parte dos serviços de Limpeza Urbana da cidade de São Paulo, iniciou a parceria com o Programa Trabalho Novo em março de 2017 e tem atualmente 28 colaboradores do programa ativos. Desses, 15 participaram de um encontro para celebrar um ano na empresa, que teve um tom de retrospectiva e vitória. As histórias de vida vieram à tona, narrando momentos de grande sofrimento, as estratégias de sobrevivência criadas e as conquistas alcançadas. “Eu hoje ando de cabeça erguida, pois o trabalho devolveu a minha dignidade”, disse um dos presentes.

A empresa SOMA também aderiu ao Programa e um ano depois colhe os frutos. Dos 19 contratados, 14 permanecem no emprego. Dos colaboradores ativos nas duas empresas, 80% estão em moradia autônoma, se deparando com desafios de reatar laços afetivos e resgatar sonhos esquecidos. “Hoje eu posso chegar na minha casa e assistir minha TV. Tenho uma geladeira para abrir e escolher o que eu vou comer. E sei que eu posso comprar minha comida. Me sinto um magnata”, conta um dos colaboradores da SOMA.

Os participantes do Programa ainda contaram como foi o processo de adaptação por que passaram, até se sentirem pertencentes ao ambiente de trabalho. Foram longos meses sentindo-se tratados como pessoas suspeitas e alvos para rótulos do senso comum. Mas alguns traziam com orgulho o quanto a discriminação que sentiram os fez refletir sobre quem realmente são e como hoje encontram formas de se colocarem no mundo. E todos, sem exceção, trouxeram nas falas gratidão e muito respeito pelo projeto. Trouxeram com carinho a sensação de esperança e acolhimento que sentiram desde a capacitação dada pela Rede Cidadã.

Ao serem perguntados sobre a relação atual deles com pessoas que estejam em extrema vulnerabilidade, como eles mesmos já estiveram, as reações foram diversas. Uns se sentem com medo de voltarem a se encontrar em tamanho desamparo e outros trazem grande compaixão. “Eu passo pelas ruas e vejo as pessoas que ainda não entenderam que a vida pode mudar e fico muito triste”, emociona-se um dos participantes. “É uma tristeza ver pessoas que tiveram a mesma oportunidade que a gente e não conseguiram aproveitar. Mas é importante ver que conseguimos.” Hoje todos carregam em si a crença evidente na capacidade de viver dias melhores.