Rede Cidadã - Um ano de Trabalho Novo, vida nova
Um ano de Trabalho Novo, vida nova
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Pessoas que antes estavam em situação de rua, completam um ano de trabalho efetivo após passar pelo Programa Trabalho Novo.
Em 2017, a Rede Cidadã foi procurada pela Prefeitura de São Paulo para ser a executora de um projeto inovador e com metas ousadas: o desenvolvimento socioemocional e a inserção no mundo do trabalho de 20.000 pessoas em situação de rua em um prazo de quatro anos!
Funciona assim: a prefeitura recebe essas pessoas em seus Centros de Acolhida, a Rede Cidadã executa sua metodologia de “Autoconhecimento e gestão emocional na formação de pessoas para a vida e o trabalho” e empresas que aderem à causa empregam os participantes, contando com o acompanhamento da equipe da Rede no período de pós-contratação, para aumentar as chances de permanência das pessoas no emprego.
A INOVA, uma empresa de conservação e zeladoria responsável por parte dos serviços de Limpeza Urbana da cidade de São Paulo, iniciou a parceria com o Programa Trabalho Novo em março de 2017 e tem atualmente 28 colaboradores do programa ativos. Desses, 15 participaram de um encontro para celebrar um ano na empresa, que teve um tom de retrospectiva e vitória. As histórias de vida vieram à tona, narrando momentos de grande sofrimento, as estratégias de sobrevivência criadas e as conquistas alcançadas. “Eu hoje ando de cabeça erguida, pois o trabalho devolveu a minha dignidade”, disse um dos presentes.
A empresa SOMA também aderiu ao Programa e um ano depois colhe os frutos. Dos 19 contratados, 14 permanecem no emprego. Dos colaboradores ativos nas duas empresas, 80% estão em moradia autônoma, se deparando com desafios de reatar laços afetivos e resgatar sonhos esquecidos. “Hoje eu posso chegar na minha casa e assistir minha TV. Tenho uma geladeira para abrir e escolher o que eu vou comer. E sei que eu posso comprar minha comida. Me sinto um magnata”, conta um dos colaboradores da SOMA.
Os participantes do Programa ainda contaram como foi o processo de adaptação por que passaram, até se sentirem pertencentes ao ambiente de trabalho. Foram longos meses sentindo-se tratados como pessoas suspeitas e alvos para rótulos do senso comum. Mas alguns traziam com orgulho o quanto a discriminação que sentiram os fez refletir sobre quem realmente são e como hoje encontram formas de se colocarem no mundo. E todos, sem exceção, trouxeram nas falas gratidão e muito respeito pelo projeto. Trouxeram com carinho a sensação de esperança e acolhimento que sentiram desde a capacitação dada pela Rede Cidadã.
Ao serem perguntados sobre a relação atual deles com pessoas que estejam em extrema vulnerabilidade, como eles mesmos já estiveram, as reações foram diversas. Uns se sentem com medo de voltarem a se encontrar em tamanho desamparo e outros trazem grande compaixão. “Eu passo pelas ruas e vejo as pessoas que ainda não entenderam que a vida pode mudar e fico muito triste”, emociona-se um dos participantes. “É uma tristeza ver pessoas que tiveram a mesma oportunidade que a gente e não conseguiram aproveitar. Mas é importante ver que conseguimos.” Hoje todos carregam em si a crença evidente na capacidade de viver dias melhores.